13 de janeiro de 2023

Terra de Mar

Partirei desta minha terra,
Terra que tão bem me amou.
Deixarei para trás a guerra
Que o nosso Estado nos delegou.

Viajarei rumo a uma tormenta,
Deixarei de beijar densa aragem,
Deixarei de avistar os bairros da coleta,
Irei seguir noutra romagem.

Miro esta Terra de Mar,
Aldeia que terei de deixar
E parto a rezar à Nª Sra. dos Remédios.

Beijei eu o chão dsua capela,
Supliquei-lhe que guardasse a minha amada donzela
E que livrasse os marinheiros de tão indesejados cemitérios.


Terei de embarcar
Sabendo que não é certo o meu retornar.
Estarei nas mãos de Deus
E serei a prece na reza dos Meus.

Toda a minha vida
Aqui a vive, aqui foi crescida.
Nasci gaiato do mar,
Fora nas suas ondas que aprendi a trabalhar.

Já sou um velho embarcado,
Conheço o meu Ílhavo e a sua cor.
Sei eu cada maré no seu leito galgada.

Aceno-lhe mesmo que embriagado
Por esta bebida que é a minha dor,
Dor de ter de partir numa longa temporada.

Sem comentários:

Enviar um comentário