13 de janeiro de 2023

Ó, Triste Rei!

Encontrei junto às portas no céu erguidas

O corpo trémulo d´um Rei,

De vestes reluzentes, com uma coroa de esmeraldas esculpidas.

Vi-lhe no rosto o semblante d´um sonho que outrora vislumbrei.


Ajoelhei-me perante os seus pés nas nuvens pousados,

Beijei-lhe o couro dos sapatos que eu próprio engraxei

Com o fado negro dos meus pecados.

És tu, Ó Sonho, o triste algoz da vida que outrora desejei.


Ó, triste Rei! Entrego-te em mãos a essência do meu viver,

A quimera fantasiosa dos promessas infundadas,

Toda a força inerte do meu tão sonhado querer.


Ó, triste Rei! Foste a visão de quem acordou para te ver nascer,

O cantar do silêncio nas longas madrugadas,

Foste a corda, o fado louco dos que te quiseram mas não puderam ter.

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