20 de janeiro de 2023

Ó minha Paixão

Porque te contentas tu, Ó minha Paixão,
Com a sombra das árvores tombadas,
Com as marés que morrem na ondulação.
Porque não és tu como as outras amadas?

Porque caminhas tristonha, Ó minha Paixão,
Com a alma a tombar nas pedras da calçada,
Com o corpo morto a quem ninguém estende a mão.
Porque és tu a caravela naufragada?

Nesta terra de ventos passados, Ó minha Paixão,
És o uivar esquecido por entres os carvalhos a soprar,
És a melodia agresta da tua própria condenação.

Quem és tu, Ó minha Paixão, senão uma alma castigada
Que aos olhos do mundo as pedras faz chorar.
Quem és tu, Ó minha Paixão, senão o espinho d´uma rosa envenenada…

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